terça-feira, 5 de março de 2013

Considerações sobre o desarmamento nuclear na África do Sul

Na década de 80 o governo segregacionista da África do Sul, mantinha secretamente instalações e um programa nuclear para fins militares que culminou com a construção de 06 (seis) bombas nucleares.  Desde aquele momento suspeita-se que Israel foi um dos principais colaboradores para que o governo sul-africano atingisse o estágio de desenvolvimento tecnológico que lhes permitiu a obtenção de armas nucleares e adentrasse em pesquisas para criação de mísseis balísticos intercontinentais, capazes de atingir nações a milhares de quilômetros de distância.

No início dos anos 90 o governo branco  responsável pela política do apartheid, que mantinha a maioria da   população predominantemente negra em situações de extrema insegurança, perseguição e considerável pobreza, através de seu líder o então presidente de Klerk, muda o rumo do país e da história nacional, a princípio liberando Nelson Mandela um dos principais opositores do governo e sua política segregacionista.  A África vivia em permanente estado de alerta e a violência eclodia em várias partes, e na iminência de um conflito interno desastroso.

Outro grande passo dado por de Klerk, foi a divulgação pública do  programa nuclear desenvolvido secretamente, seguido do completo desmantelamento deste e a adesão da África do Sul aos tratados internacionais de não proliferação de armas.

Após duas décadas de uma decisão tão forte e significativa,  perguntamos o que poderia ter ocorrido ao mundo, se este arsenal estivesse a disposição de um país no qual a democracia ainda se firma?   Quando falamos em democracia, tratamos no sentido não apenas do acesso ao voto e as escolhas de governos e governantes, mas de garantias as liberdades e a igualdade entre as etnias e povos da África, na plenitude do seu significado.

Quantos não se perguntaram por exemplo, como ficará um mundo com países como Paquistão sem governos ou líderes capazes de evitar que arsenais e tecnologias nucleares caiam na mão de radicais e loucos?  E nos referimos ao Paquistão e não a Coreia do Norte ou outro país, não por preconceito ou rótulos, mas pela evidente existência de conflitos políticos e sociais perigosos e nocivos.

Outra questão é: até que ponto é adequada a segurança mundial, a facilitação do desenvolvimento da tecnologia militar nuclear entre países, se num contexto geopolítico não se pode assegurar as condições de estabilidade de muitas nações e governos?

Neste contexto os governantes da África do Sul  nos deixaram uma lição que precisa ser melhor compreendida e assimilada por muitos de nós, e sobretudo por muitos governos.  Atitudes como esta e a de alguns países que deliberadamente renunciaram a seus programas nucleares militares, precisam ser melhor trabalhadas e valorizadas pelo bem da humanidade, em especial por quem hoje detém a tecnologia da bomba.

Armas nucleares na África do Sul - Infoescola

Irão e Israel: A dupla face dos media e do Conselho de Segurança da ONU - Resistir Info

Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares - Wikipedia

Nuclear - Encruzilhada de intrigas - Além Mar mai/2005

Bomba sul africana, negociada com Israel - Área Militar maio/2010